I still haven't found what I'm looking for

Chega um ponto das coisas onde já não se tem mais muitas certezas. Estudei para o vestibular com a certeza de que era o que eu queria. Me mudei com a certeza de que era prá sempre. Tirei fotos e fiz poses com a certeza de que gostava mesmo. Ouvi músicas com a certeza dos significados. Sorri para sorrisos e olhei olhares com a certeza das palavras. Prometi o mundo com a certeza de que poderia dar. Certeza de que poderia ser quem eu bem entendesse. Fui em festas e conheci pessoas com a completa certeza de que não preciso de nenhum sorriso além do que o meu espelho me dá toda manhã.

E uma hora as certezas se acabam. E se percebe que nenhuma das antigas convicções se manteve tempo o suficiente.

A incerteza começa a ser lugar comum na recapitulação dos dias e na memória das semanas. Claro, a incerteza sobre os outros passa leve. Por mais que goste de alguns rostos e algumas vozes, gosto mais de mim. Uma incoerência, uma indiferença, uma demonstração de desafeto, por mais que sejam capazes de abalar, não conseguem me derrubar. Como já disse, só tu mesmo pode te magoar. Uma palavra carinhosa num dia e um olhar ríspido no outro revela mais sobre o próprio dono do olhar do que sobre algo errado que possa eu ter feito.

Mas então surge o maior problema. Quando a incerteza não é só em o que pensar sobre outras pessoas, mas em relação a si mesmo. Não se sabe mais se os pensamentos da manhã serão os mesmos da noite. Se os desejos se manterão por mais que algumas horas. Quero tanto te ver sorrir, te secar as lágrimas, te levar comigo para onde for......ou não. Nem quero mais. Tenho tanto que estudar. Mas não quero e nada me faz mais sentido. Não tenho mais a certeza do que me é melhor. Cansei dessa matemática fria. Cansei dessas pessoas inconstantes. Cansei da comunicação, da saúde, da biologia, das exatas e das humanas. E o que me sobrou? Onde se apoiar para amenizar essa incerteza?

Com a certeza de que certos sorrisos alegravam meu dia, fui lá e busquei por outros. Fui lá e disse que não queria. Com a certeza de que não tenho como ter esses outros sorrisos, e aquele bom dia denovo, acordei desejando não ser hoje. Com a certeza de que quero uma mão para segurar e alguém para dividir meus vinhos, me isolo na minha casca de indiferença. Indiferença comigo mesma. I’m cheating on me ♪

Me falta um tempo de tranquilidade e amadurecimento, sei bem. Enquanto confiar meu bom humor ao humor volátil de quem me rodeia, não posso esperar nada. Mas sou irreparável. Confio e quero ver feliz. A risada e o olhar de quem gosta do tempo que tem é o que me basta. Mas deveria me bastar com menos, sei bem.

E no momento o problema maior são as notas a se tirar em provas a se fazer em uma faculdade que não tenho certeza que me completa. Não tenho mais certeza, reintero. Dar um tempo nas dores e amores para decidir qual caminho seguir. Que basta de dar um tempo na responsabilidade para curar as dores e sonhar com amores.

Choose life. Choose a job. Choose a starter home. Choose dental insurance, leisure wear and matching luggage. Choose your future. But why would anyone want to do a thing like that?