Certa vez alguém com uma medida a mais de sabedoria e sensibilidade que eu falou com uma ponta de alívio "ah, então tu teve teu tempo prá curtir a fossa..." Curtir a fossa... Quase não compreendo, quase um estrangeirismo para mim. Não sei curtir fossas, sequer sei admitir fossas. Não sei me fazer líquida e suave, e então dividir com outros seres minhas dúvidas existenciais. Faço do meu drama ficção e atuo com minhas próprias lágrimas.
Me faço, e gosto de ser, sólida, penso em termos de rochas à chuva. Se mantêm lá, sempre lá sol, chuva e o frio sequer as afetam. Sempre lá, sempre da mesma forma. Sólida, densa. E então não consigo ao menos compreender quando me vejo escorrer, como bebida púrpura, inebriando meus próprios pensamentos e me enchendo de dúvidas sobre peixes dourados e coringas de copas. Não me compreendo escorrendo pelas paredes, me escondendo pelos cantos, buscando me isolar de minha própria liquidez, A fossa só admite acolher a liquidez, em última análise. Mas como voltar a ser gelo, a ser neve, a ser geada? A geada fria que vem com cada palavra tua só parece me fazer mais líquida, me faz querer vaporizar.
Te sublimar, para que então compreenda a vida dos seres feitos de não mais do que fumaça, para que então compreenda minha busca, compreenda por que pareço precisar do sorriso sincero como quem acha que nunca voltará a respirar o ar puro da infância. Mas a cada dia meu espelho, e qualquer outro vidro que me cruza o caminho caótico, ao ver meu sorriso melancólico, que busca falsificar uma noite bem dormida e sonhos bons, só me reafirma cruelmente que não, meu sorriso não reflete o teu, por mais pretensiosamente parecido seja para mim. Meu sorriso amarelo só reflete minha péssima atuação, minha péssima capacidade de guardar as lágrimas em vidro e feito caleidoscópio refletir a realidade sobre ângulos multicoloridos. Meu filtro de lágrimas, meu apanhador de sonhos, faz apenas o sol sofrer uma bizarra e cinza interferência, não criar os desenhos na parede e seus múltiplos significados.
E ainda não consigo compreender e aceitar essa vulnerabilidade, fragilidade e sinceridade assustadoras. Me escondo no meu canto, acompanhada dos seres da pennumbra, e com sua gélida companhia busco tapar aos olhos cansados da felicidade que me rodeia. Que não me solidifica, me deixa assim líquida, me deixa assim sem a segurança inerente às rochas à beira mar, às rochas no alto da coxilha.
Te fazer sublimar, ou me fazer congelar. Então sorrir prá ti e sorrires para mim, no mesmo estado das coisas.
Me faço, e gosto de ser, sólida, penso em termos de rochas à chuva. Se mantêm lá, sempre lá sol, chuva e o frio sequer as afetam. Sempre lá, sempre da mesma forma. Sólida, densa. E então não consigo ao menos compreender quando me vejo escorrer, como bebida púrpura, inebriando meus próprios pensamentos e me enchendo de dúvidas sobre peixes dourados e coringas de copas. Não me compreendo escorrendo pelas paredes, me escondendo pelos cantos, buscando me isolar de minha própria liquidez, A fossa só admite acolher a liquidez, em última análise. Mas como voltar a ser gelo, a ser neve, a ser geada? A geada fria que vem com cada palavra tua só parece me fazer mais líquida, me faz querer vaporizar.
Te sublimar, para que então compreenda a vida dos seres feitos de não mais do que fumaça, para que então compreenda minha busca, compreenda por que pareço precisar do sorriso sincero como quem acha que nunca voltará a respirar o ar puro da infância. Mas a cada dia meu espelho, e qualquer outro vidro que me cruza o caminho caótico, ao ver meu sorriso melancólico, que busca falsificar uma noite bem dormida e sonhos bons, só me reafirma cruelmente que não, meu sorriso não reflete o teu, por mais pretensiosamente parecido seja para mim. Meu sorriso amarelo só reflete minha péssima atuação, minha péssima capacidade de guardar as lágrimas em vidro e feito caleidoscópio refletir a realidade sobre ângulos multicoloridos. Meu filtro de lágrimas, meu apanhador de sonhos, faz apenas o sol sofrer uma bizarra e cinza interferência, não criar os desenhos na parede e seus múltiplos significados.
E ainda não consigo compreender e aceitar essa vulnerabilidade, fragilidade e sinceridade assustadoras. Me escondo no meu canto, acompanhada dos seres da pennumbra, e com sua gélida companhia busco tapar aos olhos cansados da felicidade que me rodeia. Que não me solidifica, me deixa assim líquida, me deixa assim sem a segurança inerente às rochas à beira mar, às rochas no alto da coxilha.
Te fazer sublimar, ou me fazer congelar. Então sorrir prá ti e sorrires para mim, no mesmo estado das coisas.
♪ Hey Jude don't make it bad
Take a sad song and make it better ♪
Take a sad song and make it better ♪
4 comentários:
"Te sublimar, para que então compreenda a vida dos seres feitos de não mais do que fumaça, para que então compreenda minha busca, compreenda por que pareço precisar do sorriso sincero com que acha que nunca voltará a respirar o ar puro da infância."
Brilhante!
Teu sublimar me deixa em silêncio. *-*
Mas que banho metafórico esse post. Desejos profundos expostos de um modo simples e complexo. Tua expecialidade nesse blog alias né?
Bom, não querendo sacanear, mas, com o disfarce de rocha à beira mar, vale lembrar que "agua mole pedra dura tanto bate ate que fura". Não adianta desejar o que não é forte pra aguentar. Não adianta desejar o que não ta preparada pra ser.
Compreende e aceita os teus limites pra poder passar um inverno mais seguro. E que o unico vento frio capaz de mudar o teu estado seja o da temperatura. :)
Gostei das metáforas com as fases da água... água é algo muito significativo para a natureza humana. Beijos
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