Falemos um poco do que vem me deixando a pensar faz um tempo.
Tudo depende de com quem você vai para a cama. Tudo. Desde as roupas que você usa, até o tipo de assunto que domina suas conversas. Em última análise, tudo converge para o ponto final e derradeiro. Os tolos afirmam: “Homofobia (ou fobias relacionadas à sexualidade) é absurda, pois com quem você faz sexo é uma informação privada, não pública.” Tolos. Homossexualidade vai muito mais além da pura e simples sexualidade, dos momentos íntimos e privados. Como li a certo tempo, não é só homossexualidade. É também homo-ir-ao-cinema, homo-andar-de-mãos-dadas, homo-afetividade-em-púlico, homo-amizades. E uma longa lista pode ser descrita partindo do princípio que no final, toda a sua vida gira em torno da sua cama.
É claro que isso se aplica para pessoas convictas, não para a moda gay ultimamente instaurada. Me divirto com menininhas de 15 anos, com uma visão de mundo da profundidade de uma colher de chá, que se indginam de forma leviana e hiperbólica diante de temas preocupantes. O preconceito é preocupante. Na medida em que se percebe que uma vez homossexual, sua vida inteira passa de certa forma, em diversos níveis, a tranparecer isso, o preconceito passa a quase ser um atentado contra o viver e o estar bem das pessoas. Por mais moderado e mascarado que ele seja. Não me refiro nem ao caso de Uganda, onde o homossexualismo pode vir a ser passível de pena de morte.
Creio que o preconceito dissimulado e velado pode ser até mais prejudicial. Onde ele é escancarado, há um perigo bem delimitado, de que se fugir e contra que se lutar. Já a discriminação mascarada é muito mais difícil de ser combatida pelo exato motivo de poder ser confundida com uma infinidade de desculpas. As provas de que o preconceito velado é real são muito mais complicadas de se obter.
Essa atitude pedante vai totalmente contra a minha forma de pensar. Não me agrada o papel de vítima, e busco sempre evitar tal posição. Costumo partir do princípio que o preconceito não existe, que os motivos são outros, para só então analisar os fatos. A imparcialidade é importante para evitar que quaisquer fatos meramente dúbios sejam taxados de preconceituosos. Porém em certos momentos é quase ignorância negar certas verdades. Negar que uma sociedade machista se sinta de certa forma ameaçada por mulheres com independência, autonomia e, mais importante, que não sintam falta de homens em certas facetas de suas vidas. Admitamos. Muitos dos nossos colegas, amigos, muitos da nossa geração cresceram e aprenderam a lidar com o mundo de hoje. Com amores múltiplos. Com liberdades antes não imaginadas. Com desejos incomuns, diriam alguns. Mas ao mesmo tempo muitos dos outros que nos rodeiam foram criados num mundo onde a mídia e a sociedade ainda afirmam que as mulheres são dependentes, subservientes e dóceis. “As mulheres de hoje em dia não tem mais aquela feminilidade, elas demonstram uma personalidade forte demais” me disse um amigo a pouco tempo. Então feminilidade é sinônimo de submissão? (eu sempre gosto de pensar que é sinônimo de poder... mas já estou fugindo do assunto)
E como isso se aplica ao caso de preconceito em relação à sexualidade? Bom. Na medida em que parte da sociedade acredita que as mulheres estão a sua disposição. E se forem duas, então elas com certeza estão. Como não? É evidente. “Só fica com ela porque ainda não me conheçe” claro! Mas que tolas somos. Duas mulheres é quase que o sonho de boa parte dos homens da nossa geração. E isso leva a atitudes um tanto quanto danosas.
Mas não há preconceito. Evidentemente não. Não onde vivemos. “Não tenho nada contra... mas homem é homem e mulher é mulher” como disse um conhecido meu. Se não tem nada contra então está ótimo. Nada contra. Se não existe nada ameaçador a olhos vistos então não existe absutamente nada de ameaçador. E é mais fácil assim. Para muitos. Simplesmente fechar os olhos e ignorar certas verdades. Seguir a vida como se a única coisa que bastasse fosse somente a sua felicidade. Somente a sua. Porque ignorar é sempre mais fácil. E acreditar que certos preconceitos foram banidos. Se eles estão velados, eles são inexistentes.
Mas meu objetivo não é o drama, nunca foi e nunca será. O fato de pensarem que homoafetividade sempre acaba em drama me deixa um tanto quanto desgostosa. Muito mais pelos sorrisos e bons momentos. Quem “decidiu” por isso não o fez pelas lágrimas. Mas pelo bem estar.
E depende de quem nos rodeia permitir esse bem estar. Pois como já disse, homo vai muito além da sexualidade. E o preconceito ameaça todo o modo de vida e os sorrisos diários, em última análise. O que fazer quando seus pais, seus amigos, seus colegas e professores não aceitam nem toleram sua forma de ser? Abaixar a cabeça e seguir em frente não basta em certos momentos.
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“O que dirá o meu espelho quando me vir tão cheio de opiniões”
3 comentários:
Essa menina, esses pensamentos.
O ser humano cria regras desde o seu surgimento, uma destas fui a diferença entre homem e mulher, o que na verdade não existe.
A igreja criou regras, o ser humano criou leis, e o homem se inventou no meio disso. A sociedade aprendeu a ser a igual e demora ateh perceber que cada ser é um, isso faz parte da ignorância social.
Beijosss menina!
Te adoro, viu? (:
foi*
somente um comentário sobre o acima: não existe essa entidade chamada "Igreja". Ela não tem pulso, respiração, sonhos e fome. O que existe são homens que se chamam religiosos - e daí que criam a Igreja que querem, para servir a seus propósitos. São tão importantes que até criaram um deus que, não um flor, um rio, uma montanha ou um leopardo, se parece com eles próprios. À imagem e semelhança do homem, ser tão acima de tudo.
sobre o post: tava pensando por que tudo tem que mudar? tem mesmo? será que isso também não faz parte de uma das reações à homofobia? como fechar-se num gueto ou colocar-se voluntariamente uma estrela amarela? será que, ao contrário das outras décadas, agora queremos rótulos imediatos auto-impostos antes que nos rotulem?
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