Um pouco inebriada, um pouco iludida, um pouco cansada e um pouco tentada, sente a pele macia entre seus dedos, na ponta sensível dos dedos busca sentir as mais delicadas particularidades de uma pele praticamente perfeita. Não consegue evitar de pensar que somente encontrando as sensibilidades, vendo os arrepios e sentindo a maciez que se pode realmente se conheçer a fundo os sonhos. Não que acredite que o toque seja mais importante que os pensamentos e palavras. O contrário é inclusive mais razoável. Mas como ter certeza, mesmo que se olhe nos olhos, do que se esconde por trás deles? Como ter certeza se o sorriso é mais que um movimento involuntário? E então lhe vem novamente à mente, só se conheçe alguém quando se vê a pele mais delicada se render à sensibilidade, aquela sensação completamente fora do controle, sutil, mas reveladora. A pele lisa como a seda em um segundo se arrepia, se tranforma.
E então nota a própria pele. Não pode deixar de notar. E mesmo no estado de semi devaneio, semi entorpecimento percebe todas as inegáveis diferenças. Compara as mãos, os braços, cada centímetro. Não consegue deixar de notar, e nota com uma certeza sólida demais, nem sequer um ano separa uma pele da outra, nem sequer um tom de bronzeamento as distingue, e mesmo assim, suas próprias mãos lhe parecem infinitamente mais endurecidas, como se a maciez sequer houvera as tocado. Se lembra então daquele pensamento assustadoramente recorrente been there, walked this road e considera. Maybe too many roads, how many of them did I walked by choice? And how many just made me pointlesly stronger? Made me cry less and also smile less?
Mas ao mesmo tempo em que passeiam pelos pensamentos matinais tais devaneios existenciais, sorri enquanto dorme a menina um tanto ingênua ao seu lado, alheia às filosofias vãs e aos estudos do seus próprios arrepios. Somente sorri, um sonho bom, ou talvez uma boa lembrança, ou talvez nada disso, somente sorri. E aquele sorriso já parece lhe bastar, já parece ser o suficiente para varrer a ilusão, manter a tentação e preencher esse vazio que insiste em se instalar nos dias de frio e sol. Se aconchega no seu ombro e esquece momentaneamente as boas e más experiências, esquece os caminhos, esquece as responsabilidades enfadonhas e busca somente fazer daquela pele suave seu descanso desse longo tempo.
3 comentários:
Um post bem simples e limpo. [or is it?]
Se perder na instável mas possível ilusão, e ter a pele suave pra descansar no momento certo.
Ou largar e tentar se manter no que não é incerto...
Bom, no que um total coadjuvante pode opinar? Aproveite o que tem, apenas digo :p e tenha certeza do que é ingenuidade.
menina inocente a seu lado?
ninguém é inocente ao lados das minhas personagens hehe (6)
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