Os olhos quase se fecham, já não consegue manter a compostura tão comum, anseia desesperadamente por um sonho bom. Anseia desesperadamente, como se disso dependesse sua capacidade de seguir em frente. Percebe? Exatamente não precisar seguir em frente o torna capaz de fazê-lo. Anda por aqueles parques ensolarados, com cachorros brincando, correndo, pulando, crianças cantando, jovens namorando, e para seus olhos já cansados e marejados, nada disso passa de uma insalubre e hipócrita paisagem. Acredita ver por trás dos sorrisos as traições e mentiras e decepções. Acredita ver por trás dos rostos que o cercam sempre a mesma expressão, sua própria expressão lhe olhando de todos os lados, continuamente, insistentemente. Ninguém é verdadeiramente feliz, todos amarguram seus pesadelos diários, exatamente como ele, e somente ele não é hipócrita o suficiente para dançar ao som das lamúrias. Pensa assim. À visão dos parque ensolarado, que mais lhe parece uma tempestade que enfatiza seu próprio declínio, não consegue evitar de lembrar.
Lembra do dia anterior. Da semana anterior. Do mês anterior. Quem sabe? Quem consegue na escuridão contar as horas e os dias que vem um depois do outro, um depois do outro, num ritmo caótico e interminável, indesejado? Quando cai a noite não perde você também a noção do tempo que escorre? Lembra-se dos momentos. Lembra-se especialmente dos dias onde se viu admirando as pequenas belezas e encontrando músicas para cada situação. Rain drops keep fallin' on my head. Os dias mais nublados lhe pareciam os mais lindos, de uma poesia singular que contagiava. Os sorrisos não eram inexistentes como hoje, sequer escaços, lhe vinham por motivos consideráveis ou por nenhum motivo, lhe vinham sem pedir, e o frio, o sol e a chuva já lhe bastavam para que iluminasse seu dia com canções de aconchego e canções de boas memórias. Transformar o tédio em melodia. Uma vida que lhe parecia mais um arco íris, onde as semanas eram lembradas nos mínimos detalhes, despertando risadas e amores com simples rememorações. Uma vida que lhe parecia quase surreal. E talvez fosse. Fruto de um sonho louco. Maluca, tão curta quanto um sonho bom.
E agora esse cansaço, essa exaustão. A propria diversão lhe parece enfadonha, os próprios amores - ainda existem? - lhe parecem mais casamentos arranjados e patologias não curadas que paixões tórridas que um dia foram. Anda sobre aquela ponte, quase interminável, como se cada passo lhe exigisse todas as forças remanescentes, onde está? Como conseguir finalmente descansar, dormir, sonhar então com tudo o que vem desejando? Ainda deseja? É ainda capaz? A ponte cada vez mais extensa, mais e mais impossível de ser tranposta. Quer tranpor? Sequer vê a outra extremidade, e o que será que existe lá?
O barqueiro lhe acena. Parece agradável. Duas moedas lhe bastam. Um bom passeio de barco e um bom conchilo por praias tranquilas então. Finalmente.
Lembra do dia anterior. Da semana anterior. Do mês anterior. Quem sabe? Quem consegue na escuridão contar as horas e os dias que vem um depois do outro, um depois do outro, num ritmo caótico e interminável, indesejado? Quando cai a noite não perde você também a noção do tempo que escorre? Lembra-se dos momentos. Lembra-se especialmente dos dias onde se viu admirando as pequenas belezas e encontrando músicas para cada situação. Rain drops keep fallin' on my head. Os dias mais nublados lhe pareciam os mais lindos, de uma poesia singular que contagiava. Os sorrisos não eram inexistentes como hoje, sequer escaços, lhe vinham por motivos consideráveis ou por nenhum motivo, lhe vinham sem pedir, e o frio, o sol e a chuva já lhe bastavam para que iluminasse seu dia com canções de aconchego e canções de boas memórias. Transformar o tédio em melodia. Uma vida que lhe parecia mais um arco íris, onde as semanas eram lembradas nos mínimos detalhes, despertando risadas e amores com simples rememorações. Uma vida que lhe parecia quase surreal. E talvez fosse. Fruto de um sonho louco. Maluca, tão curta quanto um sonho bom.
E agora esse cansaço, essa exaustão. A propria diversão lhe parece enfadonha, os próprios amores - ainda existem? - lhe parecem mais casamentos arranjados e patologias não curadas que paixões tórridas que um dia foram. Anda sobre aquela ponte, quase interminável, como se cada passo lhe exigisse todas as forças remanescentes, onde está? Como conseguir finalmente descansar, dormir, sonhar então com tudo o que vem desejando? Ainda deseja? É ainda capaz? A ponte cada vez mais extensa, mais e mais impossível de ser tranposta. Quer tranpor? Sequer vê a outra extremidade, e o que será que existe lá?
O barqueiro lhe acena. Parece agradável. Duas moedas lhe bastam. Um bom passeio de barco e um bom conchilo por praias tranquilas então. Finalmente.
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