domingo, 5 de dezembro de 2010
For What It's Worth
Eu ando com os pés trocados
Meus passos tão reais e limitados não comportam o tamanho dos meus sonhos
As minhas estradas tão utópicas
Os meus joelhos se cansam sob meu ritmo assimétrico
Eu tenho um cavalo que conversa comigo nas manhãs frias e nas noites enluaradas
Conversa comigo, me conta seus desejos, suas angústias
Conversa comigo, mesmo eu não conseguindo responder palavra alguma
Meus dentes cerrados, impedindo meus cantos mais belos de se fazerem soar
Toda essa realidade espessa, sufocante, limitante
Impedindo meus vôos mais altos, impedindo meus desejos mais loucos
Meus olhos que não vêem ainda o fundo dos teus olhos
Que se murcham à visão da tempestade que se pronuncia, que tu prenuncia
Mesmo que por dentro me revista de doces plumas e sonhos infindáveis
Me revista de altivez, de coragem, de motivação
Ainda assim ando com os pés trocados
Ainda não acostumada com os espinhos que me ferem em lugares que sequer sabia existir
Ainda acordo estranhando, acreditando o sonho da madrugada mais digno
Se podia voar, se sabia ser, se entendia os detalhes, por que se render ao não saber constante dessa dita realidade?
Meus passos não indo na direção que mando, minhas mãos atadas
Talvez seja só mais um sonho
E a realidade me permita finalmente contemplar nos teus olhos o reflexo de mim mesma
E me reconhecer a mim mesma, inteira
Não assim sufocada nesse caminhar por estradas que não as minhas
Quem sabe ao acordar
E enfim despertar
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