quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Castles Made of Sand



Tudo começou assim meio sem querer. Meio sem perceber. Ele lhe sorrindo, e ela quase sem notar devolvendo seu nome soprado ao vento. Foi tão de repente que sequer sabia contar, sequer lembrava se eram as flores da primevera ou as geadas do inverno que recobriam seu cabelos. Começou sem querer, sem pensar, e os sorrisos vieram antes mesmo de notar.

O que antes eram palavras dispersas se tornaram sussuros ao pé do ouvido. Sem perceber, acordou ao seu lado, e sem nem entender direito por que, se viu alegre, se viu bem, se viu confortável. Aconchegada em seus braços, aquecida em seu abraço. Se viu acordando com os olhos limpos, com o rosto iluminado.

Não planejara nada daquilo, não esboçara, quantificara. E quando percebeu por quais estradas andava, tampouco se preocupara com esses detalhes enfadonhos. De que valem as palavras, se o importante são os sorrisos? De que valem os números, as imposições, as definições? Era feliz? Lhe parecia que sim. Eram? Provavelmente, tendo em vista o quando repetia certas palavras bobas que a faziam rir inocentemente. Quem se importava com o comum, quando nada desde o início nunca fora comum? olha, tenho medo do normal, baby.

Ele cantava can I stand next to your fire e ela tão liberta, relutava diante de certas decisões. Para então só não se preocupar, só se jogar, e ver qual a altura da queda. Qual a velocidade do vento nos seus cabelos. Sem se importar com o segundo seguinte. Só se deixar assim. And you shook me all night long.

A diversão logo se traduzindo em compreensão e cumplicidade. Ela assim tão sonhadora, imaginando ser possíveis seu sonhos tão bobos, acreditando em um lugar com sol, onde não haveria horário para nada. Ele assim tão cético, num quase-riso quando ouvia suas paixões, seus romances, seus desejos. Ela tão artística, ele tão matemático. Tão ásperos, temperamentais, imperfeitos. Tão sempre sorrindo um para o outro. Chorando em seu ombro, secando suas lágrimas. Lhe contando piadas bobas, lhe fazendo rir sem motivo.

Para ela, tão pessimista, tão doída de feridas de tempos. Remoídas, ruminadas. Calejada. Pessimista. Ele tão tranquilizador. Tão rindo e dizendo não se preocupe tanto. Ele dizendo o deixe acontecer que houvera saído dos lábios dela.

Mas ela em segredo pensava, baixinho, num canto da cosnciência, se está tudo bem é por que ainda não acabou.

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